segunda-feira, 26 de maio de 2014

África


Eu venho da terra que o corvo é quem canta,
As palmeiras daqui não têm Sabiás.
Eu venho da terra dos filhos do solo vermelho,
Herança forte, nobre povo Iorubá.

Os astros e mastros que chegam pra cá,
Se instalam e hoje não vem mais do mar,
O negro saiu da senzala enfim,
Comemoremos portanto a abolição,
Chamemos bonito,"seu"Pobre e "seu"Rico,
Ralé e Elite, vassalo e patrão.

E ri-se a orquestra irônica, estridente,
Sem chicote, palmatória nem açoite
Que hoje aprisiona nossa mente,
Explora o branco cru da cor do leite,
Milhares de homens negros como a noite.

A liberdade hoje então deixa as celas,
E empunha bandeiras entre a escuridão,
Seus gritos, preces  Verde-amarelas,
Conseguem conquistas, feitos das próprias mãos.

Descalços pés atrozes esmagam o asfalto,
Em grande escala, ultrapassam mil,
Ecoam, nunca se ouviu uivo mais alto,
Que grita: ó Pátria amada, Brasil!

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