quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Quem somos nós?

Somos a fruta que nasce do ócio,
Negócio que dá e não passa nunca,
Na nuca, no corpo inteiro nu,
Num instante, breve instante
Constante, uma dor sem cessar,
No ar, um mar de desespero.
Somos a monotonia que se repete o dia inteiro,
Dia a dia,
Que se reveza num ciclo de aqui e ali,
Somos obras do engenheiro,
Do Havaí, sem Sol
Somos cada canto do Hall,
O Canto do Rouxinol,
Somos doente e tylenol,
Segredo e Interpol,
Pipa e cerol,
Ovo e colesterol,
Todos só, em um só Dom,
Somos boca e batom,
Tom e semitom,
Sem ou com frisson
Somos Capão Redondo tru,
Também somos Pokémon.
Somos voz e violão, 

Todos só, em um só Lirismo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Rio

Deus guarda o sonho de todos os brasileiros,
Chega-se a hora de apagar a luz dos quartos,
A hora chega. Não nos sonhos, mas nas ruas.
O suor escorre do rosto do soldado que treme frio,
Pensando na morte, sua ou de outrem,
O cidadão deitado, sonha, não pensa na morte,
Ronca um ruido rude,
sem preocupação.
Foi no Rio, tanta pressa,
Calmaria...
E o batalhão enegrecido se mexe.
E sobe,
Por cada beco.
Rua.
Esquina.      Sombras deslizantes,
Algumas almas antigas alertavam,
Causando mal estar no dorminhoco.
Dando-lhe a sensação de que não estava só.
Deu-lhe sede, mas sonhava bem, graças a Deus, que o guardara. Em sonho.
O tempo então parou. De repente. Lá em cima.
(O Rio lá de baixo nem se importava com ele, sequer sabia que existira alguém lá em cima. Seguia a todo vapor.)
Despertou, apavorado com algo que destruiu a porta da cozinha.
(...) Milícia! -Polícia!! ( Foi então a ultima coisa que pensou/ouviu o cidadão)
Desde então, um estranho estrondo. Flash. Disparo,
Apagou (Como em M.I.B) toda sua capacidade,
De pensar,
Com seu corpo;
E de sonhar
(Com ou sem guarda de Deus)
Com sua alma.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Erro

Vil,
Digno de tropeços como um ser,
Humano.
Aliás, tropeços estes causadores de progresso,
Entre a esquerda e a direita nos perdemos.
Rodamos. De volta. Centro.
Estou certo! Errado. Certo! Errado.
E o erro e acerto já são um só.
São sombra e lua eclíptica. Manteiga e pão de forma.
Meço o caule da coragem,
que se envergou diante de tal decisão
Fazer com que as coisas andem,
saiam do papel.
Um erro que escondia o mais lindo acerto.
Nada existiria sem o erro.
Erro. Palavra chave da evolução,
digna do comitê da evolução.
Às vezes penso que tudo isso é um grande show,
de Truman, um só flash. Acaba. Fim.
Ansioso demais à espera do trem, que
passa e ceifa.                                           Vidas.

domingo, 2 de novembro de 2014

Poema Vivo

Eu queria ver, no escuro do mundo
Um momento, um flash, um segundo
Um mundo onde o novo pudesse ser novo,

Seu Cristo riu, Rio
Riu de novo, riu do povo,
Riu do jogo, do logo estampado na cara,
na capa de cada jornal, revista
Na vista da nova classe média,
Na vida da nova idade média,
Na mídia da novidade social,
Riu de seus salários de nojo,
Riu  do compasso em seu estojo,
Fingindo ser um bote salva vidas.
De seus discursos longos,
Dos seus gongos e gongos.
Senhoras e senhores,
Tens aqui o início da partida,
em contrapartida, se inicia o fim da vida,
ardida, tida para cada menino e para cada menina
A morte viva e a vida severina.

Ascender

Venho e vou,
Pelos poros do Universo Deus
Dentre aqui presenciei muitas mudanças,
A briga é interna e gera confusão aos meus,
As conquistas chegam junto à esperança.

A beleza escultural, o cheiro do barro alegra,
A negrinha está de carro novo,
O camponês que se tornou doutor,
O país começa a rir por cima,
O empregado se tornou empregador,
E o mulato tá falando alemão!
A menina quis casar com a menina,
Tem ainda muita coisa em contramão
Muita coisa, porém já foi conseguida,
Muita gente diferente,
Que não tem respeito à vida
do próximo,
E eu aqui, nem sei porque
Nem sei por quem,
Voto.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Deserto


Eu vejo de longe,de muito longe,
Da fina linha que abraça o horizonte,
Vejo a vida presa em guerra santa,
E surge o sangue na areia,
O ar chora, escorre o grito, lentamente quase canta.
De repente chega a morte entre o Sol e a Lua cheia,

Chega ela calmamente, vem sorrindo em meio à guerra,
Ao passar com seu coturno, com as memórias se desfruta,
Em flashes fantasmagóricos, repete-as por entre o Caos:
Vão glórias, disputas,
Vitórias e lutas,
Escórias, escutas,
Insulta as memórias,
Nas solas, bitucas,
Não surgem desculpas,
É isso, é Ísis..

Oh Deus, dê-me a chance,
dê-me a dádiva de dormir,
e acordar, despertar, quando o Sol se pôr, partir..
Oh Senhor, Proteja a Casa e nos aponte a direção,
Oh Senhor, Proteja a Gaza, nos tire da contramão,
Abençoe cada corpo que se estende sobre o chão,
Cada alma abandonada que merece compaixão.
Abra a mente de todos que vem e se vão,
De todos que veem esse vão,
Entre a falsa Luz e a boa Escuridão.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

África


Eu venho da terra que o corvo é quem canta,
As palmeiras daqui não têm Sabiás.
Eu venho da terra dos filhos do solo vermelho,
Herança forte, nobre povo Iorubá.

Os astros e mastros que chegam pra cá,
Se instalam e hoje não vem mais do mar,
O negro saiu da senzala enfim,
Comemoremos portanto a abolição,
Chamemos bonito,"seu"Pobre e "seu"Rico,
Ralé e Elite, vassalo e patrão.

E ri-se a orquestra irônica, estridente,
Sem chicote, palmatória nem açoite
Que hoje aprisiona nossa mente,
Explora o branco cru da cor do leite,
Milhares de homens negros como a noite.

A liberdade hoje então deixa as celas,
E empunha bandeiras entre a escuridão,
Seus gritos, preces  Verde-amarelas,
Conseguem conquistas, feitos das próprias mãos.

Descalços pés atrozes esmagam o asfalto,
Em grande escala, ultrapassam mil,
Ecoam, nunca se ouviu uivo mais alto,
Que grita: ó Pátria amada, Brasil!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A virada



O dia que eu espero vem com sede por justiça,
Pela revolta da prole submissa,
Pela causa da vingança, pois
A força de vontade é o combustível da mudança.

E Tudo que eu sempre pedira e ambicionara,
Era a única chance de ver meu povo vencer,
De apanhar sim, sem medo de perder, pois
Só levanta a guarda quem tomou murro na cara,
Da vida.

A era que a miséria corre pro empate,
No horizonte o Sol brilha e pulsa em tons de escarlate,
A era em que o sistema educacional não age em covardia,
Em que os reis e lordes também tem "dislexia",
Deficit de atenção,
Quero raça, como a da seleção!
Não assista a seleção!
É pra isso que o verso esperto sai da mão do descontente
Pra saber, verdadeiramente, quem é real e quem mente,
Como o líquido, delgado e transparente,
Pois enquanto essas palavras enchem sua mente,
Muitos estão perdendo tudo,ilhados em enchentes.

Eu tenho um sonho pra cada um de vocês!
Mas esses sonhos não se realizam por fim da telepatia!
Nem to a fim de caridade,
Nem do homem engravatado, que tudo nos prometia,
Mentia,
Politicagem banal,
Só há sangue no jornal.
Nem um pouco original.